Burgos, 1994
(conversa traduzida de castelhano para tagalog, de tagalog para inglês e de inglês para português)
- Sr. Presidente, posso dar-lhe uma palavrinha?
- Sim, claro, dou sempre ouvidos ao meu treinador.
- Sr. Presidente, I think we have a situation here. [NOTA: a tradução para tagalog custou-nos um dinheirão, por isso cortámos na tradução inglês-português]
- Então, como assim?
- Aquele rapaz que temos na baliza…
- Rapaz?
- Yeah, o careca de bigode que perdia sempre a jogar poker no estágio…
- Oh, thaaat goalkeeper!... O que tem?
- Estive a fazer um estudo cuidado do seu perfil, analisei bem o seu potencial, enquadrei-o face às ambições da nossa equipa e cheguei a uma conclusão.
- Que foi?
- We gotta get rid of that son-of-a-bitch. Now.
- Ooooh!... Porquê?
- Porque os testes que efectuei provam que ele é um óptimo carteiro. É mesmo o indivíduo do plantel que mostra as melhores aptidões para exercer esta tarefa. E estes testes são infalíveis. But we’re not looking for a bloody mailman to save our goal! Sir, temos que encontrar um tipo a sério, se quisermos manter a dignidade.
- Tipo o quê? Um Filip De Wilde?
- Hell no! Para já, ficávamos com o nosso suplente, que acabou de cortar 8 dedos na máquina de cortar relva, mas que é um bom rapaz e o melhor genro que um treinador pode ter, if you know what I mean.
- Acha que esse suplente dá garantias, sem esses dedos todos?
- Well, he told me that he expects his fingers to grow back until Tuesday…
- E acha que isso vai acontecer?
- Bem… Se não for Terça será Quarta ou Quinta, depende de como o Betadine actuar… Nós temos é que resolver este “caso-Baston” já! Ele está a afectar a moral da equipa!
- E para onde o vamos despachar?
- Beats me… Hey, you’re the boss, not me…
- Quem seria capaz de o receber sem levantar questões?
- E que tal… o sr. Presidente não se dava muito bem com um tipo chamado Toñino que foi jogar para um clube português, o Sporting of the Keys? Parece-me uma boa opção, tínhamos facilidade em recomendá-lo…
- That’s it! We’ll send him there! O Baston não será mais um problema para Burgos!
- Nem para Espanha!…
- God be praised!
Chaves, 1995
Ao princípio, as gentes achavam-lhe graça. “Olha, pai, parece o nosso carteiro!”, dizia a criança nas bancadas graníticas do Municipal flaviense, agitando a bandeira azul-grenat pelos ares robustos do Marão. Toda a esperança do mundo estava depositada naquele guardião espanhol, o símbolo do renascimento do Desportivo. Mas não tardou até que os calejados olhos transmontanos chorassem lágrimas de incredulidade e de desgosto profundo. “Porquê, pai? Porquê?”, interrogava-se a criança, esfregando os olhos sob o consolo paternal do progenitor, também ele vergastado pela desilusão, que lhe afagava o cabelo e a custo emitia “É apenas um pesadelo, filho. É apenas um pesadelo”.
Não. Era apenas a dura realidade.
(conversa traduzida de castelhano para tagalog, de tagalog para inglês e de inglês para português)
- Sr. Presidente, posso dar-lhe uma palavrinha?
- Sim, claro, dou sempre ouvidos ao meu treinador.
- Sr. Presidente, I think we have a situation here. [NOTA: a tradução para tagalog custou-nos um dinheirão, por isso cortámos na tradução inglês-português]
- Então, como assim?
- Aquele rapaz que temos na baliza…
- Rapaz?
- Yeah, o careca de bigode que perdia sempre a jogar poker no estágio…
- Oh, thaaat goalkeeper!... O que tem?
- Estive a fazer um estudo cuidado do seu perfil, analisei bem o seu potencial, enquadrei-o face às ambições da nossa equipa e cheguei a uma conclusão.
- Que foi?
- We gotta get rid of that son-of-a-bitch. Now.
- Ooooh!... Porquê?
- Porque os testes que efectuei provam que ele é um óptimo carteiro. É mesmo o indivíduo do plantel que mostra as melhores aptidões para exercer esta tarefa. E estes testes são infalíveis. But we’re not looking for a bloody mailman to save our goal! Sir, temos que encontrar um tipo a sério, se quisermos manter a dignidade.
- Tipo o quê? Um Filip De Wilde?
- Hell no! Para já, ficávamos com o nosso suplente, que acabou de cortar 8 dedos na máquina de cortar relva, mas que é um bom rapaz e o melhor genro que um treinador pode ter, if you know what I mean.
- Acha que esse suplente dá garantias, sem esses dedos todos?
- Well, he told me that he expects his fingers to grow back until Tuesday…
- E acha que isso vai acontecer?
- Bem… Se não for Terça será Quarta ou Quinta, depende de como o Betadine actuar… Nós temos é que resolver este “caso-Baston” já! Ele está a afectar a moral da equipa!
- E para onde o vamos despachar?
- Beats me… Hey, you’re the boss, not me…
- Quem seria capaz de o receber sem levantar questões?
- E que tal… o sr. Presidente não se dava muito bem com um tipo chamado Toñino que foi jogar para um clube português, o Sporting of the Keys? Parece-me uma boa opção, tínhamos facilidade em recomendá-lo…
- That’s it! We’ll send him there! O Baston não será mais um problema para Burgos!
- Nem para Espanha!…
- God be praised!
Chaves, 1995
Ao princípio, as gentes achavam-lhe graça. “Olha, pai, parece o nosso carteiro!”, dizia a criança nas bancadas graníticas do Municipal flaviense, agitando a bandeira azul-grenat pelos ares robustos do Marão. Toda a esperança do mundo estava depositada naquele guardião espanhol, o símbolo do renascimento do Desportivo. Mas não tardou até que os calejados olhos transmontanos chorassem lágrimas de incredulidade e de desgosto profundo. “Porquê, pai? Porquê?”, interrogava-se a criança, esfregando os olhos sob o consolo paternal do progenitor, também ele vergastado pela desilusão, que lhe afagava o cabelo e a custo emitia “É apenas um pesadelo, filho. É apenas um pesadelo”.
Não. Era apenas a dura realidade.
4 comentários:
E para completar o galo, na jornada anterior, se não me falha a memória, esse lendário portero flaviense sofrera um golo do Hubart, o keeper do Estrela, na Reboleira, num corner no último minuto de jogo... Mas ele em Espanha parece-me que não está muito mal cotado, e o Chaves foi buscá-lo, salvo erro, porque tinha ganho o prémio Zamora da Segunda Liga uns dois ou três anos antes no Burgos.
Com efeito. A 29 de Dezembro de 1994, Hubart fez ainda melhor que o Rui Patrício à equipa de Baston (http://www.youtube.com/watch?v=RAkJGiYOYAE). Na jornada seguinte, a 7 de Janeiro de 1995, ocorreu esta tragédia.
E entretanto confirmo que ele foi mesmo o guarda-redes menos batido da Segunda Divisão espanhola na época 1989-90, ano em que a sua equipa, o Real Burgos, foi campeão: http://es.wikipedia.org/wiki/Segunda_Divisi%C3%B3n_de_Espa%C3%B1a
Aliás eu tenho por aqui uma revista Don Balón do ano seguinte e confirmo que ele fez parte do plantel do Burgos primodivisionário. Mas o choque de terem o Bastón como portero principal terá sido grande, pois este Real Burgos viria a "fechar" após a época 1992/93, vindo a ser refundado no ano seguinte. A título de curiosidade, esse refundado Burgos, teria no seu plantel 2001/2002, ano em que participou na Segunda Divisão, outro portero conhecido dos flavienses: Iñigo Arteaga.
E não convém esquecer que este cepo foi até há pouco (ou ainda será?) treinador de guarda-redes do A.Madrid.
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